quinta-feira, 21 de julho de 2016

Carta para nebula



Carta para nebula



A primeira vez que eu te vi, fiquei completamente dominada, incapaz de esboçar qualquer reação. Dias e noites se confundiam no instante de um olhar. Quando nossos olhares se cruzaram, senti constelações inteiras surgirem dentro de mim. Uma estrela nascia e explodia em chamas a cada batida do meu coração.

Toda luz deriva dela.

Você proferiu nossa primeira palavra, mas o primeiro passo foi meu. No instante que eu entrei na sala, já pude sentir seu campo gravitacional e orbitei ao seu redor, incapaz de oferecer qualquer resistência.

Ela não era desse mundo.

Quando dançávamos, eu podia sentir que gerávamos o universo. Galáxias nasciam e se expandiam. Buracos negros engoliam galáxias, devoravam toda a existência. A cada novo passo a acorde, uma nova estrela e um novo planeta.

No momento em que seus braços me envolveram, eu soube que seria para sempre sua. Todo o universo era seu por direito. Minha alfa e minha ômega, meu começo e meu fim, minha primeira e minha derradeira.

Ela criava vida com seus sussurros.

Então se você e só você me completava, por que era errado?

Se eu podia sentir o infinito em seus braços, por que teve um fim?

Uma garrafa, um punho, uma faca, uma arma. Nossas feridas são mundanas, nós éramos uma supernova.

Você não era desse mundo. Por isso te tiraram de mim?

O universo congelará, contrairá e morrerá, mas você não. Você é a explosão cósmica, a origem de tudo. Você para sempre ascenderá.

Nós somos uma supernova.




Raphael H. Silva Quintão            21/07/2016